Em último lugar, penso que nossa D.R. com o Altíssimo É REGIDA PELO ESPIRITUAL SEM SER TRANSCEDENTAL.
O Senhor Jesus declarou à mulher samaritana que Deus é
espírito e quer ser adorado em espírito, mas por gente de carne e osso. Aqui,
esbarro em uma das minhas maiores dificuldades, a saber, como acessar meu
espírito? Como diferenciá-lo da minha mente? Na medida em que não encontro
resposta (aceito ajuda), vou caminhando na fé e esperança de que Deus aceite
minha adoração misturada com pensamentos, pedidos, reclamações, distrações e
tantos outros males de minha mente conturbada. Olho, com “santa” inveja, os
irmãos e as irmãs pentecostais que conseguem entrar em um estado alterado de
consciência e se deleitam na presença do Pai. Curtem, na acepção da palavra, a
santidade do Senhor e se regozijam diante dEle, como se não houvesse nada nem
ninguém ao redor deles. Um certo aluno meu, certa vez convidou-me para ir a uma
reunião de oração de sua igreja, pois ali havia uma irmã com o dom de ministrar
arrebatamento, isto é, a pessoa ministrada ficava inconsciente, ou algo assim,
enquanto tinha visões celestiais. Ah, como eu gostaria disso! O difícil seria
ter de voltar, né?
Não sei se por causa dessa minha frustração ou por
outro motivo, o fato é que penso ser nosso desafio nesse aspecto o cumprimento
da exortação: Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos,
pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu,
isto é, pela sua
carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus,
aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração
purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a
confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel (HB 10.19-23). Já pensou nisso? Entrar nada mais nada menos do que no Santo dos
Santos! E com intrepidez! Uau!! Isso sim é experiência espiritual! Mas o
contexto imediato remete diretamente a nossos relacionamentos interpessoais,
tanto com o Altíssimo, como com nossos semelhantes! E de modo racional, como
diz Paulo no famoso texto de Romanos 12. Assim, o desafio é entrar com ousadia
na presença do Todo-Poderoso Criador do Céu e da Terra, pelo caminho aberto no
Corpo do Senhor Jesus, mas SEM PERDER a condição humana. Por mais que eu anseie
por experiências arrebatadoras com Deus (e eu anseio mesmo), a D.R. cotidiana
com Ele tem de ser feita espiritualmente, mas sem ser alienante.
A Bíblia diz que devemos andar no espírito. O que será
que isso significa na prática? Não sei, como disse acima. Tenho grandes
problemas para definir “espírito”, o meu, ao menos. Mas o texto continua,
falando de algo que conheço sobejamente, a concupiscência da carne. Então, seja
lá o que for o tal “andar no espírito”, sei que jamais devo satisfazer as
vontades carnais. Talvez a relação com Deus seja espiritual sem ser
transcendental, justamente para me habilitar a surrar o meu corpo e reduzi-lo à
servidão, a fim de não ser desqualificado pelo Senhor (1Co 9.27). Em outras
palavras, a relação com o Pai Celeste é a comunhão deliciosa da minha alma com a
luz, como diz o antigo hino, mas sem me desconectar do físico ou do mundo. E é
nessa relação dual que sou verdadeiramente abençoado no corpo e na alma.
Outro antigo hino fala sobre o desejo de ser anjo.
Sempre desconfiei um pouco dele, pois não somos seres celestes. Portanto, em
nossas D.R.S com Deus, precisamos lembrar disso. Ele é espírito e Ele criou a
matéria. Nós somos a síntese destes dois mundos, destas duas realidades. Em
Cristo – e em nós – se dá essa união maravilhosa e perfeita que só o
Todo-Poderoso podia realizar.
Que nossas D.R.S com Ele reflitam isso.