quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Nossas D.R.S. com Deus. (Parte 1).



Rvd. Eber Cocareli

Tenho lido que o confinamento forçado a que todos tiveram de sujeitar-se devido à pandemia tem provocado um sem-número de divórcios mundo afora. Isso é curioso, visto que, ao menos em tese, as pessoas se casam para viverem juntas. Então, quando são forçadas a passar um bom tempo no mesmo ambiente, essa circunstância deveria agradá-las, em vez de causar o rompimento da relação, não é mesmo? Os especialistas em aconselhamento de casais que frequentam o Programa Vejam Só! são irritantemente unânimes na afirmação (acusação?) de que os cônjuges não sabem se comunicar, especialmente os maridos. Por essa razão, os ditos conselheiros enfatizam reiteradamente a importância da D.R., a bendita “discussão da relação”, como ação preventiva e solução para praticamente todos os problemas do casamento.

Como não sou especialista no assunto (aliás, em nenhum), fico com a orientação dos conselheiros, apesar de ser marido. Só que hoje, a D.R. que mais tem-me preocupado é a com o Senhor. Afinal, a figura do casamento é fartamente usada nas Escrituras para ilustrar e ensinar acerca da nossa relação com Deus. Então, se os especialistas em matrimônio estão certos, cabe – e muito – verificar como andam as nossas D.R.S com o Altíssimo. E é o que mais tenho feito nesses tempos de isolamento. Agora, a primeira pergunta a se fazer é: Como deve ser a nossa relação com Deus? Como a Bíblia a descreve? Que circunstâncias a cercam? É, de fato, possível uma relação real com um ser que não vemos? Cuja voz não nos chega aos ouvidos?

Ah, que inveja eu tenho dos que escutaram o Senhor falando-lhes como qualquer pessoa, isto é, por meio de sons, palavras audíveis, e não impulsos no coração... Adão, Noé, Abraão, Moisés, os profetas e outros foram extremamente privilegiados por, literalmente, ouvirem a voz de Deus! Muitas vezes penso que se eu escutasse o Pai Celeste falando, seria muito mais fácil me relacionar e obedecer a Ele. Será? Esse raciocínio bem pode ser laço diabólico plantado em nosso enganoso coração, pois ninguém menos que o escritor aos Hebreus, aquele mesmo que informa ter Deus falado de muitas maneiras e que, HOJE, fala-nos por meio de Cristo, é quem nos adverte, replicando e aplicando a exortação do salmista: Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos. Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira:

Não entrarão no meu descanso. Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo (Hb 3.7-13). Em outras palavras, bem mais amenas, alegar que não obedecemos ao Senhor por não escutar sua voz hoje, é, no mínimo, uma desculpa esfarrapada e burrice. As consequências são pra lá de danosas.




 


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