Rvd. Eber Cocareli
Tenho lido que o confinamento forçado a que todos tiveram de
sujeitar-se devido à pandemia tem provocado um sem-número de divórcios mundo
afora. Isso é curioso, visto que, ao menos em tese, as pessoas se casam para
viverem juntas. Então, quando são forçadas a passar um bom tempo no mesmo
ambiente, essa circunstância deveria agradá-las, em vez de causar o rompimento
da relação, não é mesmo? Os especialistas em aconselhamento de casais que frequentam
o Programa Vejam Só! são irritantemente unânimes na afirmação (acusação?) de
que os cônjuges não sabem se comunicar, especialmente os maridos. Por essa
razão, os ditos conselheiros enfatizam reiteradamente a importância da D.R., a
bendita “discussão da relação”, como ação preventiva e solução para
praticamente todos os problemas do casamento.
Como não sou especialista no assunto (aliás, em nenhum), fico com
a orientação dos conselheiros, apesar de ser marido. Só que hoje, a D.R. que
mais tem-me preocupado é a com o Senhor. Afinal, a figura do casamento é
fartamente usada nas Escrituras para ilustrar e ensinar acerca da nossa relação
com Deus. Então, se os especialistas em matrimônio estão certos, cabe – e muito
– verificar como andam as nossas D.R.S com o Altíssimo. E é o que mais tenho
feito nesses tempos de isolamento. Agora, a primeira pergunta a se fazer é:
Como deve ser a nossa relação com Deus? Como a Bíblia a descreve? Que
circunstâncias a cercam? É, de fato, possível uma relação real com um ser que
não vemos? Cuja voz não nos chega aos ouvidos?
Ah, que inveja eu tenho dos que escutaram o Senhor falando-lhes
como qualquer pessoa, isto é, por meio de sons, palavras audíveis, e não
impulsos no coração... Adão, Noé, Abraão, Moisés, os profetas e outros foram
extremamente privilegiados por, literalmente, ouvirem a voz de Deus! Muitas
vezes penso que se eu escutasse o Pai Celeste falando, seria muito mais fácil
me relacionar e obedecer a Ele. Será? Esse raciocínio bem pode ser laço
diabólico plantado em nosso enganoso coração, pois ninguém menos que o escritor
aos Hebreus, aquele mesmo que informa ter Deus falado de muitas maneiras e que,
HOJE, fala-nos por meio de Cristo, é quem nos adverte, replicando e aplicando a
exortação do salmista: Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se
ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no
dia da tentação no deserto, onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova,
e viram as minhas obras por quarenta anos. Por isso, me indignei contra essa
geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os
meus caminhos. Assim, jurei na minha ira:
Não entrarão no meu descanso. Tende cuidado, irmãos, jamais
aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos
afaste do Deus vivo (Hb 3.7-13). Em outras palavras, bem mais amenas, alegar
que não obedecemos ao Senhor por não escutar sua voz hoje, é, no mínimo, uma
desculpa esfarrapada e burrice. As consequências são pra lá de danosas.
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