terça-feira, 22 de setembro de 2020

Nossas D.R.S. com Deus. (Parte 2). 

                                   


Portanto, Deus fala hoje, sim, e nós podemos (e devemos) ouvi-lo. Mas, retomando nosso ponto focal, como deve ser nossa relação com Ele?

Em primeiro lugar, entendo que ela TEM DE SER NATURAL.


Logo nas primeiras páginas da Bíblia, vemos narrativas em que o Criador se relacionava com o homem de modo absolutamente natural, sem nada de incomum. Diz o texto sagrado que Ele se encontrava com o ser humano toda tarde, passeando pelo jardim do Éden, isto é, sem alarde, sem raios e trovões ou coisa semelhante. Nessas ocasiões, Deus conversava naturalmente com o homem, dando-lhe tarefas e instruções sem nada de sobrenatural, a não ser a maravilhosa exceção da criação da mulher (e põe maravilhosa nisso!).


Essa relação era tão singela e natural, para não dizer humana, que Adão e Eva tentaram esconder-se do Senhor por entre as árvores do jardim. Eles acharam mesmo que isso seria possível, apesar de toda capacidade de inteligência que possuíam, demonstrada na classificação de todos os animais requerida por Deus. A queda, obviamente, afetou o ser humano de modo integral, mas no sentido de fazê-lo querer fugir do Senhor, como fez Jonas, não para achar que poderia esconder-se, passar despercebido pelo Altíssimo. Para mim, está claro que a infantilidade de Adão ao brincar de esconde-esconde com o Pai Celeste revela o quão natural era a relação deles.


Outra evidência bíblica dessa naturalidade está na expressão “andar com Deus”. Diversos personagens humanos das Escrituras tiveram a vida marcada por essa característica: Eles andaram com Deus. Enoque é, talvez, o mais eloquente, mas há também Abraão, Elias e, num certo sentido, os discípulos de Jesus. O que significa andar com alguém? Caminhar, conviver, estar ao lado, passo a passo, viver o cotidiano, partilhar a vida. Ora, o que há de sobrenatural nisso? Nada, muito ao contrário. A mensagem que essa expressão passa é a de companheirismo, intimidade, a ponto de Enoque ter sido levado vivo ao céu, assim como Elias, tamanha era a proximidade deles com o Senhor.


Em suma, a primeira característica da nossa D.R. com Deus é que ela precisa ser natural. Afinal, não foi exatamente para isso que o Senhor Jesus rasgou o véu do templo? Então, me pergunto: Por que cargas d’água tenho D.R.S. com o Pai Celeste – quando as tenho – de modo absolutamente excepcional? Isso está errado. E precisa mudar.


Por outro lado, e ao mesmo tempo, essa relação NÃO PODE SER BANAL.


Deus não é um de nós. Apesar da fala da serpente, não nos tornamos iguais a Ele. Aliás, ter dado ouvidos a Satanás nos fez ficar ainda mais distantes da imagem e semelhança originais com o Criador. Ele criou o Universo, infinito em tamanho, tanto para o gigantesco, quanto para o microscópico. A quem fazê-lo semelhante, como indaga Isaías 40? É preciso lembrar-se de quem Ele é, e de quem somos.


Uma das passagens mais eloquentes sobre isso é a que narra a primeira vez em que Moisés ouviu a voz do Altíssimo. Ele, que seria descrito como o homem com quem Deus falava face a face, em seu primeiro encontro com o Eterno, ouviu: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus (Êx 3.5-6).



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