sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Nossas D.R.S com Deus. (Parte 3).


 

Não sem motivo, o Pentateuco (escrito pelo mesmo Moisés) traz uma série infindável de instruções, preceitos, mandamentos e narrativas que têm por objetivo infundir zelo e temor no povo de Deus. Sempre indaguei acerca da razão de tantas minúcias na descrição de como deveriam ser feitos os grandes e pequenos objetos do tabernáculo. E não somente os utensílios em si, mas também o próprio tabernáculo, seu entorno, sua montagem, sua manutenção e seu transporte. E ainda as vestes do sumo-sacerdote, dos sacerdotes e levitas e a maneira detalhada e minuciosa como estes deveriam vesti-las e despi-las para dar conta dos rituais sagrados. Não poucas vezes, adormeci, ao ler os textos de Êxodo e Levítico que tratam do assunto.

Por que tanta ênfase nos detalhes? Afinal, não é a essência muitíssimo mais importante do que a aparência? Não é o conteúdo muito mais significativo do que a forma? Não foi exatamente isso que o Senhor Jesus ensinou? Então, qual a causa dessa implicância toda do AT no cumprimento exato das minuciosas instruções divinas acerca do culto israelita? A razão está na grande importância, nem sempre reconhecida por nós, de tratar o Senhor com o zelo e temor devidos ao Criador do Universo. Rudolf Otto, ao falar de nossa relação com o Eterno, usa o adjetivo “numinoso”, que descreve um sentimento, uma sensação extremamente marcante e forte de temor, sem ser de pavor. Algo muito próximo das experiências vividas por Isaías e Daniel, por exemplo.

Encarar a relação com o Senhor, usando esse viés é um grande desafio para nós. Temos a tendência de vê-lo como Pai, mas sem a reverência que os antigos filhos tinham pelos progenitores. Arrisco a dizer que chegamos a

banalizar nosso relacionamento com Deus de modo absolutamente ridículo. Já ouvi (algumas vezes) de irmãos testemunhando como “ouviram” a voz do Altíssimo guiando-os rapidamente no estacionamento do shopping até uma vaga. Ou informando que poderiam dormir até mais tarde, porque o ônibus que pegam todos os dias iria se atrasar uns vinte minutos. Acho que a exortação bíblica orai sem cessar não contempla equiparar nossa conversa com o Todo-Poderoso à comunicação com um simples manobrista.



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