Apesar de todos os muitos sinais e avisos explícitos do governo de Jacarta quanto ao não cancelamento ou adiamento da execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, o fuzilamento ocorrido nas primeiras horas do domingo, pela hora da Indonésia, provocou uma onda enorme de indignação aqui no Brasil.
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O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, condenado à morte na Indonésia - Reprodução/Facebook |
O que me chama a atenção é o nível de sugestões dadas ao
nosso governo, tais como arranjar um indonésio preso no Brasil, a fim de
trocá-lo pelo outro brasileiro que deve ser fuzilado em fevereiro. Afinal, não
podemos permitir que compatriotas nossos sejam mortos como moscas na Indonésia,
não é? Temos de fazer alguma coisa!
Por quê? Se é pelo valor inestimável da vida humana,
então cabe perguntar por que não vemos o mesmo esforço para salvar as vidas que
são ceifadas aos montes aqui mesmo, seja no trânsito ou por conta do crime. A
adoção de leis drásticas contra os perpetradores dessas mortes contribuiria
decisivamente para sua diminuição, exatamente como o governo de Jacarta
entende. E antes que me acusem de ser a favor da pena de morte, esclareço que
apenas obedeço às Escrituras Sagradas. Desafio a quem quiser vir debater comigo
o endosso claro e explícito da Bíblia à pena de morte e não apenas no Antigo
Testamento, já que Romanos 13, por exemplo está na Nova Aliança.
No entanto, eu lamento sim o que aconteceu na Indonésia.
Primeiro, porque eu não fiz nada para tentar mostrar a nosso ex-compatriota o
Evangelho. Eu poderia ter-lhe escrito uma carta, quando soube que ele estava no
corredor da morte, embora, naquela ocasião, a imprensa tenha dado um tom
positivo de esperança na comutação da pena. Mas eu não escrevi e pelo que
soube, o Marco morreu sem deixar qualquer traço de que tenha acolhido, ainda
que minimamente o Evangelho. A outra coisa que lamento é a atitude do governo
indonésio, não tanto pela severidade contra o tráfico de drogas, mas pela
incoerência de seu juízo. Afinal, na mesma prisão onde esteve o Marco, há gente
condenada por atos terroristas que resultaram na morte de várias pessoas. Umar
Patek é um exemplo disso. Condenado por mais de 200 mortes em atentados
terroristas, inclusive contra igrejas em pleno Natal, teve sua pena comutada
para 20 anos de prisão. Até que ponto, pergunto, a justiça indonésia relevou essas
mortes por serem de “infiéis”? Afinal, a Indonésia é o maior país islâmico do
mundo, e fica muito difícil não misturar as coisas, embora eu gostasse de estar
enganado.
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Algemado, o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira ao lado de seu advogado - Divulgação |
De todo modo, o rigor contra o tráfico de entorpecentes,
que está longe de ser um crime sem vítimas (como alega tanta gente aqui) merece
aplauso. O Marco traficou um bom tempo antes de ser apanhado, como ele mesmo
reconheceu. Portanto, colheu o que plantou, assim como irá colher, também, o
catarinense Rodrigo Gularte, o próximo brasileiro a enfrentar os fuzis em
Jacarta. Por que ele, que é rico, quis ganhar dinheiro, levando cocaína em
pranchas de surf? Era para consumo dele mesmo? Então ficasse por aqui, onde
consumir drogas é praticamente um direito.
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