segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Parla Eber! - Indignação por quê?


Apesar de todos os muitos sinais e avisos explícitos do governo de Jacarta quanto ao não cancelamento ou adiamento da execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, o fuzilamento ocorrido nas primeiras horas do domingo, pela hora da Indonésia, provocou uma onda enorme de indignação aqui no Brasil.


O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira,
condenado à morte na Indonésia - Reprodução/Facebook
O que me chama a atenção é o nível de sugestões dadas ao nosso governo, tais como arranjar um indonésio preso no Brasil, a fim de trocá-lo pelo outro brasileiro que deve ser fuzilado em fevereiro. Afinal, não podemos permitir que compatriotas nossos sejam mortos como moscas na Indonésia, não é? Temos de fazer alguma coisa!

Por quê? Se é pelo valor inestimável da vida humana, então cabe perguntar por que não vemos o mesmo esforço para salvar as vidas que são ceifadas aos montes aqui mesmo, seja no trânsito ou por conta do crime. A adoção de leis drásticas contra os perpetradores dessas mortes contribuiria decisivamente para sua diminuição, exatamente como o governo de Jacarta entende. E antes que me acusem de ser a favor da pena de morte, esclareço que apenas obedeço às Escrituras Sagradas. Desafio a quem quiser vir debater comigo o endosso claro e explícito da Bíblia à pena de morte e não apenas no Antigo Testamento, já que Romanos 13, por exemplo está na Nova Aliança.

No entanto, eu lamento sim o que aconteceu na Indonésia. Primeiro, porque eu não fiz nada para tentar mostrar a nosso ex-compatriota o Evangelho. Eu poderia ter-lhe escrito uma carta, quando soube que ele estava no corredor da morte, embora, naquela ocasião, a imprensa tenha dado um tom positivo de esperança na comutação da pena. Mas eu não escrevi e pelo que soube, o Marco morreu sem deixar qualquer traço de que tenha acolhido, ainda que minimamente o Evangelho. A outra coisa que lamento é a atitude do governo indonésio, não tanto pela severidade contra o tráfico de drogas, mas pela incoerência de seu juízo. Afinal, na mesma prisão onde esteve o Marco, há gente condenada por atos terroristas que resultaram na morte de várias pessoas. Umar Patek é um exemplo disso. Condenado por mais de 200 mortes em atentados terroristas, inclusive contra igrejas em pleno Natal, teve sua pena comutada para 20 anos de prisão. Até que ponto, pergunto, a justiça indonésia relevou essas mortes por serem de “infiéis”? Afinal, a Indonésia é o maior país islâmico do mundo, e fica muito difícil não misturar as coisas, embora eu gostasse de estar enganado.

Algemado, o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira ao lado de seu advogado - Divulgação

De todo modo, o rigor contra o tráfico de entorpecentes, que está longe de ser um crime sem vítimas (como alega tanta gente aqui) merece aplauso. O Marco traficou um bom tempo antes de ser apanhado, como ele mesmo reconheceu. Portanto, colheu o que plantou, assim como irá colher, também, o catarinense Rodrigo Gularte, o próximo brasileiro a enfrentar os fuzis em Jacarta. Por que ele, que é rico, quis ganhar dinheiro, levando cocaína em pranchas de surf? Era para consumo dele mesmo? Então ficasse por aqui, onde consumir drogas é praticamente um direito.


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